01-10
A
MENINA DE LISIEUX
Aos três anos, a pequena Teresa já está decidida a não recusar nada ao Bom Deus. Louis Martin transfere-se com as cinco filhas para a cidade de Lisieux, por sugestão do cunhado, Senhor Guérin. Os outros irmãos morreram ainda pequenos. Aí, cercada pelo carinho do pai que chama sua caçula de "minha rainha" e pela ternura das irmãs, Teresa recebe uma formação exigente e cheia de piedade. Suas irmãs se chamam Maria, Paulina, Leônia e Celina.
Na
festa de Pentecostes de 1883, ela é milagrosamente curada de uma enfermidade
através de um sorriso que lhe oferece a Virgem Maria. Educada pelas monjas
beneditinas, até outubro de 1885, completa seus estudos em casa sob a
orientação de Madame Papineau. Fez a primeira comunhão em 8 de maio de 1884,
depois de uma intensa preparação. Este grande dia marca a "fusão" de
Teresinha com Jesus.
No
dia 14 de junho do mesmo ano recebe o sacramento da Crisma, muito consciente
dos dons que lhe são implantados no coração. No Natal de 1886 vive uma profunda
experiência espiritual, uma virada decisiva em sua vida, que ela chama de
conversão: aos 13 anos, a menina chorosa e caprichosa, conforme seu próprio
testemunho abandona os cueiros da infância. Supera a fragilidade emotiva consequente
da perda da mãe e inicia uma corrida de gigante no caminho da perfeição.
A
VIDA NO CARMELO
Põe-se a pensar seriamente em abraçar a vida religiosa como monja carmelita, a exemplo de suas irmãs Maria e Paulina, no Carmelo de Lisieux, mas é impedida em seu sonho devido à pouca idade. Por ocasião de uma peregrinação à Itália, depois de visitar Loreto e alguns pontos de Roma, numa audiência concedida pelo Papa Leão XIII a um grupo de peregrinos de Lisieux, no dia 20 de novembro de 1887, audaciosamente ela suplica ao Santo Padre a permissão para ingressar no Carmelo aos 15 anos de idade.
No
dia 9 de abril de 1888, após muitas dificuldades, consegue realizar seu sonho e
é aceita na clausura do Carmelo. Recebe o hábito da Ordem da Virgem no dia 10
de janeiro do ano seguinte. Emite seus votos religiosos no dia 8 de setembro de
1890, festa da Natividade da Virgem Maria. Inicia no Carmelo o caminho da
perfeição traçado pela Madre Fundadora, Santa Teresa de Jesus, cumprindo com
fervor e fidelidade os ofícios que lhe são confiados.
Em
1895, por obediência, começa a escrever suas memórias que serão publicadas,
após sua morte, com o título História de uma Alma. Este livro será responsável
pela divulgação da vida e espiritualidade de Santa Teresinha no mundo inteiro,
sendo traduzido em 58 línguas.
No
dia 9 de junho de 1895, na festa da Santíssima Trindade, oferece-se vítima de
holocausto ao Amor Misericordioso de Deus. Em 3 de abril do ano seguinte, na
noite entre a Quinta-feira e a Sexta-Feira Santa, tem uma primeira manifestação
da tuberculose, a doença que a levará à morte. Teresa não se rebela.
Acolhe
sua enfermidade como a misteriosa visita do Esposo Divino. Serão 27 meses de
terrível martírio. Começa uma prova de fé, mas manter-se-á firme até o fim, sem
jamais rebelar-se. Tudo aceita com paciência e amor. Chega a dizer que jamais
pensou que fosse capaz de sofrer tanto.
MEU
DEUS EU TE AMO
Tendo piorado a sua saúde, em 8 de julho de 1897 é conduzida à enfermaria do Carmelo. Suas irmãs e as outras monjas, no afã de não perder nenhuma de suas palavras, anotam tudo que ela diz entre dores atrozes e gemidos. Pouco antes de morrer, sem o menor consolo, exclamou:
Não
me arrependo de haver-me entregue ao amor.
Às
19 horas do dia 30 de setembro de 1897 fixou os olhos no crucifixo e exclamou:
Meu Deus, eu Te amo. Depois de um êxtase que teve a duração de um Credo,
expirou. Obscura e anônima, parte para os braços do Pai a humilde carmelita que
um dia será chamada a maior Santa dos tempos modernos.
O
Papa Pio XI a canonizou no dia 17 de maio de 1925. No dia 9 de junho de 1897
havia prometido fazer cair uma chuva de rosas sobre o mundo. No dia 17 de julho
explicara melhor em que consistiria esta chuva:
Eu
quero passar o meu céu fazendo o bem sobre a terra.
No
dia 10 de agosto havia profetizado:
Ah,
eu sei que o mundo inteiro me amará.
De
fato, em vinte cinco anos foram contados mais de quatro mil prodígios
atribuídos à sua intercessão. A leitura e meditação de História de uma Alma vem
causando, há cem anos, incontáveis conversões.
SUA
MENSAGEM
Sua
mensagem pode ser resumida em quatro pontos:
sigamos
o caminho da simplicidade;
entreguemo-nos
com todo nosso ser ao amor;
em
tudo busquemos fazer cumprir a vontade de Deus;
e
que o zelo pela salvação das pessoas devore nossos corações.
A PADROEIRA DAS MISSÕES
No dia 14 de dezembro de 1927, o Papa Pio XI proclamou "Santa Teresa do Menino Jesus padroeira principal de todos os missionários, homens e mulheres, e de todas as missões existentes em toda a terra, com São Francisco Xavier e com todos os direitos e privilégios que convêm a este título".
Teresinha nada realizou que merecesse aplausos do mundo. Não fundou mosteiros como Teresa d'Ávila, nem foi viver no meio dos leprosos como Francisco de Assis. Deus a convidou a realizar miudezas, coisas insignificantes. Deu-lhe a missão de nos lembrar o valor dos "pequenos nadas".
Chamou-a para que ela nos revelasse a estrada do abandono em Suas mãos. E Teresinha não decepcionou o seu Bem-Amado. Ela nos mostra o quanto é salutar aceitarmos nossos próprios limites e assumir a nossa pequenez, sem nos envergonharmos de nossa humanidade. Nada há de extraordinário na vida dessa monja. O que há de especial em Teresinha é a simplicidade com que amou a Deus.
Nunca
pôde deixar o seu Carmelo para ir evangelizar em terras distantes, embora tenha
acalentado o sonho de ir para o Oriente e ali viver sua vocação ao amor. Seu
desejo de ser missionária era tão intenso que chega a confessar que não
desejava sê-lo somente durante alguns anos, mas desde a criação até a
consumação dos séculos. Além do mais afirma que uma só missão não lhe bastaria.
Manteve correspondência com dois missionários, a quem extravasava seus ideais
de partir em missão.
O
ardor missionário de Teresinha se manifesta no seu zelo em salvar almas, isto
é, conduzir as pessoas a Deus, fazendo-as cientes do quão são amadas pelo Senhor
Misericordioso. Sua missão é fazer Deus amado, adorado, por seu amor, por sua
bondade. No Carmelo compreendeu que sua missão era "fazer amado o Rei do
céu, submeter-lhe o reino dos corações...”.
Teresinha amplia o conceito de missão, levando-nos a compreender que, pela oração, também podemos nos tornar
missionários.
A oração é o sustento da ação missionária. A eficácia da evangelização depende da união com Deus. O trabalho de um apóstolo será mais eficaz se ele for um contemplativo. Um contemplativo será tanto mais autêntico quanto mais apostólica for sua intenção.
Neste sentido, Teresinha foi uma apóstola, uma autêntica missionária, pois ajudou, pela oração e por sacrifícios, os missionários, participando de seus trabalhos através de seu coração solidário, sedento de conduzir as pessoas ao conhecimento do amor misericordioso de Deus.
Para
a Padroeira das Missões, a oração é uma arma invencível que Jesus lhe deu para
tocar as pessoas. Muito mais que as palavras, a oração sensibiliza, testemunha,
conforta e transmite esperança. Nossa vida de oração poderá estimular a
santificação das pessoas através da atenção aos sinais da presença de Deus nos
acontecimentos.
A Santa de Lisieux nos ensina por sua vida que a contemplação é o alicerce da missão. É necessário cultivar uma espiritualidade substanciosa, radicada no Evangelho, marcada pela necessidade de estarmos na presença de Deus numa atitude de adoração e escuta. Missão que não é sedimentada na oração não oferece resultados.
A Santa de Lisieux nos ensina por sua vida que a contemplação é o alicerce da missão. É necessário cultivar uma espiritualidade substanciosa, radicada no Evangelho, marcada pela necessidade de estarmos na presença de Deus numa atitude de adoração e escuta. Missão que não é sedimentada na oração não oferece resultados.
Santa
Teresinha, padroeira das missões, intercede junto a Jesus por todos os
missionários e missionárias, por aqueles que deixam suas famílias para anunciar
o Evangelho em terras distantes. Para que possamos entender que todo cristão é
chamado a ser missionário em sua própria família, em sua escola, em seu
trabalho. Anunciar, evangelizar, espalhando a boa notícia de Jesus é tarefa de
todos!
A
SANTA DAS ROSAS
Por que Santa Teresinha é conhecida mundialmente como "A Santa das Rosas"?
No
dia 11 de março de 1873, não sabendo mais o que fazer para curar sua pequena
Thérése de uma atroz gastroenterite, Zélie Martin resolveu ir a Sémaillé, um
vilarejo próximo a Alençon, à procura de uma senhora chamada Rose Taillé para
ser a ama-de-leite de sua caçula.
Assim,
de 16 de março de 1873 a 2 de abril de 1874, Teresa viveu nesse lugar onde os
habitantes tinham um belo costume: presentearem-se, por qualquer motivo, com
flores.
É provável que a precoce convivência com esses odores tenha acendido em nossa santa uma paixão que jamais a abandonará: as flores, especialmente as rosas.
É provável que a precoce convivência com esses odores tenha acendido em nossa santa uma paixão que jamais a abandonará: as flores, especialmente as rosas.
Em
carta à sua prima Maria Gurérin, escrita no dia 18 de agosto de 1887, Teresinha
vai afirmar seu amor pelas rosas: "Amo tanto uma bela rosa branca, quanto
uma rosa vermelha".
Sentia-se
feliz quando podia lançar pétalas de rosas para o alto quando passava o
ostensório com o Santíssimo Sacramento.
Madre Inês, sua irmã de sangue, relata que, no dia 14 de setembro de 1897, Teresinha ganhou uma rosa e a desfolhou sobre o crucifixo de forma muito carinhosa. Algumas pétalas caíram no chão da enfermaria. Muito seriamente, a santa teria afirmado: "Ajuntai bem estas pétalas, minhas irmãzinhas, elas vos servirão a dar alegrias, mais tarde... Não percam nenhuma..."
Madre Inês, sua irmã de sangue, relata que, no dia 14 de setembro de 1897, Teresinha ganhou uma rosa e a desfolhou sobre o crucifixo de forma muito carinhosa. Algumas pétalas caíram no chão da enfermaria. Muito seriamente, a santa teria afirmado: "Ajuntai bem estas pétalas, minhas irmãzinhas, elas vos servirão a dar alegrias, mais tarde... Não percam nenhuma..."
Seu
prazer era atirar flores no grande crucifixo do pátio do Carmelo. Gostava de
cobrir o seu crucifixo de rosas de forma muito cuidadosa, afastando as pétalas
murchas. No entanto, não lançava flores em ninguém. Madre Inês conta que certa
vez colocou-lhe rosas nas mãos, pedindo-lhe que as atirasse em alguém, como
sinal de afeto. A santa recusou-se a fazê-lo. Ela só desfolhava e lançava rosas
para seu amado Jesus.
Santa
Teresinha aproveita a imagem da rosa para explicar um elemento importante de
sua "Pequena Via":
"Compreendi que o brilho da rosa... não tira o perfume da pequena violeta... Compreendi que, se todas as florzinhas quisessem ser rosas, a natureza perderia seu enfeite primaveril..."
Por isso, ela conclui, Deus criou " os grandes santos que podem ser comparados.... às rosas". No jardim da vida há lugar para as humildes flores, as frágeis violetas, que não possuem o vigor e o perfume das rosas, mas mesmo assim enfeitam o mundo. As rosas são os gigantes da fé. As violetas são as almas pequenas que trilham o pequeno caminho.
"Compreendi que o brilho da rosa... não tira o perfume da pequena violeta... Compreendi que, se todas as florzinhas quisessem ser rosas, a natureza perderia seu enfeite primaveril..."
Por isso, ela conclui, Deus criou " os grandes santos que podem ser comparados.... às rosas". No jardim da vida há lugar para as humildes flores, as frágeis violetas, que não possuem o vigor e o perfume das rosas, mas mesmo assim enfeitam o mundo. As rosas são os gigantes da fé. As violetas são as almas pequenas que trilham o pequeno caminho.
Quem tanto amava as rosas, vai prometer, quase ao fim da vida, que fará chover rosas sobre o mundo. Com esta promessa estava se prontificando a interceder pela humanidade junto a Deus. Haveria de conseguir muitas graças e bênçãos junto ao Pai. Após sua morte os milagres iriam se multiplicar.
Ela prometeu continuar sua missão no céu, trabalhando para o bem das almas e não frustrou os que confiam em sua oração. Ainda hoje são muitos os relatos de curas, milagres e conversões realizados por intermédio da humilde carmelita.
DOUTORA
DA IGREJA
Eu sou pequena demais para subir a rude escada da perfeição, afirma Santa Teresinha. Ainda assim, queria ser uma grande santa, porque para ela, nos caminhos de Jesus Cristo não há meios-termos. Ela admirava os santos que cometerem loucuras em seu amor a Deus e media sensatamente a distância que a separava deles.
A fraqueza se fez força em Teresinha. Essa lúcida mulher que um dia desistiu da rude escada da perfeição foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II, em Roma, no dia 19 de outubro de 1997. Nesse dia, o Papa disse, no momento da homilia:
Entre os 'Doutores da Igreja', Teresa do Menino Jesus e da Santa Face é a mais jovem, mas o seu ardente itinerário espiritual demonstra muita maturidade, e as intuições da fé expressas em seus escritos são tão vastas e profundas que a tornam digna de ser posta entre os grandes mestres espirituais.
E na Carta Apostólica Divinis Amoris Scientia, ainda afirma o Papa: Teresa oferece uma síntese amadurecida da espiritualidade cristã. Ela une a teologia e a vida espiritual, exprime-se com vigor e autoridade, com grande capacidade de persuasão e de comunicação, como demonstram o acolhimento e a difusão da sua mensagem no Povo de Deus.
Sua sabedoria e inteligência colocados a serviço do anúncio da Palavra vêm transformando os corações, conduzindo gerações e gerações de pessoas no mundo inteiro à experiência do amor misericordioso de Deus, de forma simples, descomplicada.
Meninos e meninas, pobres e desprezados, todos os que têm um coração de criança são homenageados nesse título que tanto demorou para ser conferido. Os pequenos se tornam Doutores.
Passados cem anos, a Doutora Teresinha tem uma Palavra forte e esclarecedora a nos dizer. Palavra profética de mulher missionária que nos faz retornar ao Evangelho. Acabaram os argumentos daqueles que tentavam escapar aos desafios da vida cristã e dos caminhos da santidade.
O
Evangelho pode ser vivido por pequenos pássaros como nós. Teresinha, com seu
ensinamento, nos mostra como isso pode acontecer. A menina, agora teóloga
laureada, prova-nos que o Evangelho está vivo e pode pulsar em nós, em nossa
vida. Ele existe também para nós, cristãos frágeis e atônitos ante a realidade
que nos aflige.
A
Doutora nos faz descobrir que o Evangelho não é um compêndio de frases
edificantes escritas para nos comover ou atemorizar. O Evangelho é uma pessoa
concreta: Jesus de Nazaré! Uma vez apaixonados por Ele e atentos à lição de
Teresinha, saberemos encontrar o melhor modo de segui-lo.