(07 de Dezembro)
De importante
família romana, Ambrósio nasceu em 340, na Gália, da qual seu pai era
governador. Ainda jovem, viu sua irmã, Santa Marcelina, beijar a mão de um
Bispo e deu-lhe a sua a beijar, dizendo: "Também eu serei Bispo um
dia".
Ordenado Bispo aos
34 anos, Ambrósio logo se aplicou ao estudo da Sagrada Escrutura e dos autores eclesiásticos Estudou direito e retórica em
Roma, e fez brilhante carreira: Advogado Consular, Conselheiro do Imperador e
Governador das províncias de Emília e Ligúria, com sede em Milão.
Uma singular
eleição:
No
ano 374, morreu o Bispo dessa cidade. Para eleger seu sucessor, a população se
dividiu em dois partidos. Os católicos queriam eleger um homem fiel ao Papa, os
arianos propugnavam por um sequaz de Ario. A exaltação dos ânimos ameaçava
degenerar em guerra civil.
O Governador
Ambrósio viu-se obrigado a intervir para manter a ordem. Dispôs suas tropas na
praça e fez cessar o tumulto. Em seguida, acompanhado de uma escolta, entrou na
Catedral para garantir o bom andamento da eleição. Graças à sua eficaz ação,
logo se acalmaram os ânimos exaltados. Então ele postou-se em lugar bem visível
a todos os presentes, com olhar vigilante sobre a assembleia. Nesse momento,
ouviram-se uns brados partidos do fundo do grandioso templo:
- Ambrosius
episcopus! (Ambrósio seja o Bispo!)
Como surgiu essa
surpreendente aclamação?
Um menino, tão novo
que ainda não sabia falar, foi quem deu o primeiro brado. Altamente admirada de
ver o filho pronunciar suas primeiras palavras - e que palavras! - a mãe fez
coro com ele, e logo se lhes juntaram outras vozes. Em pouco tempo, todos na
Catedral, inclusive os arianos, bradavam em uníssono: - Ambrosius episcopus! Ambrosius episcopus!
- Sou um pecador!
Sou um pecador! - replicava o Governador.
- Não importa, não
importa! Invocamos sobre nós os teus pecados! - gritava o povo, a uma só voz.
Ante essa
inesperada manifestação, aquela autoridade do maior império do mundo não
encontrou outra saída senão o recurso dos indefesos: fugiu e foi esconder-se no
sítio de um amigo. Os cristãos milaneses
não desistiram. Enviaram uma delegação para relatar a Valentiniano I o que
havia acontecido e rogar-lhe autorização para o Governador Ambrósio ser sagrado
Bispo.
O Imperador
consentiu, reconhecendo no eleito um verdadeiro "enviado de Deus". À
vista disso, o amigo de Ambrósio indicou o lugar onde ele se encontrava.
Reconduzido a
Milão, o Santo acabou por reconhecer naqueles acontecimentos a vontade de Deus.
De catecúmeno a
Bispo, em oito dias:
O Bispo
recém-eleito tinha 34 anos de idade e pertencia a uma família cristã, mas era
apenas catecúmeno. Foi batizado, recebeu a ordenação sacerdotal logo em seguida
e, oito dias depois, foi sagrado Bispo, a sete de dezembro de 374. O clero e
fiéis de todo o Império acolheram com indizível júbilo a notícia dessa
prodigiosa intervenção divina.
Não é difícil, sob
impulso do Espírito Santo, ordenar um Bispo apenas oito dias após seu Batismo.
Mas como, num curto tempo, transformar em pastor de almas um homem que, uma
semana antes, era ainda catecúmeno? Pergunta interessante para se ver como a
graça divina, quando bem correspondida, opera maravilhas.
Ambrósio era rico,
mas não apegado à riqueza deste mundo. Doou para a Igreja as terras que
herdara. Quanto aos outros bens, distribuiu parte aos pobres, dando à Igreja o
restante. Altos cargos no governo imperial, posição social brilhante, vida
familiar - tudo isto ele sacrificou para se ocupar somente do serviço de Deus.
Assim desembaraçado
de qualquer preocupação terrena, o novo Bispo aplicou-se ao estudo das Sagradas
Escrituras e dos autores eclesiásticos, sobretudo São Basílio. À medida que
estudava, fazia pregações. Apenas três anos haviam decorrido, e já ele inaugurava
- com a publicação dos livros "As Virgens" e "As viúvas" -
a prodigiosa atividade de escritor que lhe valeu os títulos de Doutor e Padre
da Igreja. Em breve tempo, ele brilhava no mundo cristão como o campeão da luta
contra o arianismo, muito forte naquela época, e os restos do antigo paganismo.
Triunfou sobre ambos, impondo silêncio à heresia e conquistando a Itália
inteira para a Fé Católica.
Tinha sempre
presente sua alta responsabilidade na escolha dos candidatos ao sacerdócio. Por
seu espírito de vigilância nesta matéria, adquiriu uma aguda capacidade de
discernir quem estava apto ou não a ser admitido.
Por exemplo, pelo
simples modo de andar, ele podia recusar um pretendente, pois dizia estar
persuadido de que os movimentos desregrados do corpo são efeito do
desregramento da alma.
Confronto com o
Imperador:
Teodósio I, o
Grande, ascendeu ao trono imperial em 379.
No ano seguinte,
declarou o Cristianismo religião do Estado e proibiu os cultos pagãos.
Entretanto, embora muito amigo, não deixou de haver certas divergências entre o
Bispo e o Imperador, um propugnando pela inteira independência da Igreja,
outro, pela do Estado.
Durante uma
rebelião no ano 390, foi assassinado em Tessalônica o comandante militar local.
Por excitação de um
camareiro intrigante, Teodósio decretou terrível vingança contra os habitantes
dessa cidade. Sem distinguir inocentes de culpados, sem mesmo tomar em
consideração idade e sexo, as tropas imperiais massacraram sete mil pessoas.
Um clamor de
indignação ressoou por todo o Império. Não podendo calar- se ante essa
atrocidade criminosa, o Bispo - com solicitude de amigo e respeito de súdito,
mas também com firmeza de representante de Deus - admoestou o Soberano de que
nenhum sacerdote de sua Diocese lhe daria a absolvição. E, recordando-lhe o
exemplo do Rei Davi, o exortou a fazer sincera penitência.
Como para mostrar
que ninguém tinha direito de vituperar lhe o procedimento, o Imperador se
dirigiu à igreja com grande aparato, segundo o costume. À porta do recinto
sagrado, Ambrósio barrou-lhe a entrada:
"Vejo que por
desgraça, ó Imperador, não medes a gravidade do fato sanguinário ordenado por
ti (...). Não acrescentes um novo crime ao que já te pesa. Retira-te e
submete-te à penitência que Deus te impõe. Já que imitaste David no crime, imita
o também na penitência!"
Com lágrimas nos
olhos, o Imperador retirou-se. Oito meses se passaram sem ele se apresentar na
igreja, nem o Bispo no palácio.
Por fim, porém, a
Fé triunfou sobre o orgulho. Na manhã do dia de Natal, banhado em lágrimas, o
Imperador disse a seu camareiro: "Não sentes minha desdita? A Igreja de
Deus está aberta até para os escravos e mendigos; porém, para o Imperador está
fechada e com ela a porta do Céu, pois Cristo disse: ‘O que atares na terra
será atado no Céu'".
Decidido a obter o
perdão de Deus, dirigiu-se à igreja, onde o esperava Santo Ambrósio, de pé no
alto da escadaria.
- Aqui estou,
livra-me do meu pecado - rogou.
- Onde está tua
penitência? - perguntou o Santo.
- Suplico-te que me
livres desta pena, em consideração da clemência de nossa Mãe a Igreja. Não me
feches a porta, dize-me o que hei de fazer.
A decisão de
Ambrósio mostra o incansável esforço da Santa Igreja para abrandar os costumes
pagãos. Exigiu de Teodósio a promulgação de uma lei determinando que as
sentenças de morte e de confisco não seriam executadas antes de 30 dias, e
deveriam ser reapresentadas ao Imperador para sua confirmação.
Teodósio fez
escrever e assinou imediatamente o decreto. Ato contínuo, recebeu a absolvição.
"Agradavam-lhe
mais as repreensões que as adulações"
Despojando-se dos
ornamentos imperiais, Teodósio entrou na igreja e, prostrado no chão, recitou o
salmo de Davi:
(Livro das Horas do Duque de Berry)
"Minha alma
está atada à terra; dai-me, Senhor, a vida, segundo a vossa palavra!"
Assim orando, arrancava os cabelos, inundava de lágrimas o pavimento e
implorava, cheio de dor: "Misericórdia, ó Senhor, misericórdia!"
A cena não podia
ser mais grandiosa. Diante de tanta humildade, o povo suplicava e chorava com o
Imperador.
Cinco anos depois,
chegado o momento de comparecer perante o Tribunal de Deus, Teodósio clamou
pela presença de seu amigo Ambrósio, de cujas mãos recebeu os últimos
Sacramentos antes de falecer.
Em sua célebre
oração fúnebre, testemunhou o santo Bispo a respeito dele: "Eu amava este
varão, porque lhe agradavam mais as repreensões que as adulações. Como
Imperador, não se envergonhou da penitência pública, e depois chorou seu pecado
todos os dias que lhe restaram".
A conversão de
Santo Agostinho:
Era tal o poder de
irradiação do Bispo Ambrósio, que a rainha dos marcomanos (povo antigo da
Germânia), chamada Fretigila, apenas por ter ouvido um cristão falar a respeito
de sua ciência e santidade, acreditou em Jesus Cristo e enviou embaixadores a
Milão, rogando ao Santo que lhe informasse por escrito o que devia crer.
Uma dama de alta
estirpe insistiu com o Santo para ir celebrar Missa em sua casa. Uma mulher
paralítica fez-se transportar até lá, tocou na veste episcopal e,
instantaneamente curada, levantou-se e se pôs a andar, na presença de todos.
Outros milagres
operou nosso Santo, ainda em vida. Porém, a mais preciosa pedra de sua coroa de
glória é a conversão de Santo Agostinho, um dos homens mais inteligentes e
cultos de todos os tempos, coluna da Santa Igreja.
Conversão Santo Agostinho:
Com cerca de 30
anos, o futuro Bispo de Hipona foi levado por Santa Mônica a relacionar-se com
Santo Ambrósio. De início hostil à Fé Católica, por causa de más influências
dos maniqueus, Agostinho era, entretanto, admirador da cultura e da suave eloquência
do Bispo de Milão.
Gostava não somente
de ouvir seus sermões, mas também de passar horas inteiras em seu gabinete, em
silêncio, vendo esse homem de Deus trabalhar ou estudar.
Não sem grande dose
de sagacidade, Ambrósio desfez na mente de seu ouvinte os maléficos sofismas da
seita maniqueísta.
Este narra,
inclusive, que ele "muitas vezes, vendo-me quando pregava, prorrompia em
louvores a ela [Santa Mônica] e me chamava ditoso por ser filho de tal
mãe".
Convertido, Santo
Agostinho não esconde seu entusiasmo por Santo Ambrósio. "Insigne pregador
e piedoso Prelado", homem cujas palavras eram "fonte de água que
corria para a vida eterna", "santo Bispo" - são expressões
usadas por ele ao referir-se àquele que o batizou na vigília da Páscoa de 387.
Em resumo, ele
considerava Santo Ambrósio o arquétipo do Bispo católico. Opinião confirmada
pelo Missal Romano, onde se lê que ele "representa a figura ideal do
Bispo". Onde encontrar testemunho mais elogioso, mais credenciado e mais
insuspeito?
A recompensa:
Em 4 de abril de
397, o Divino Redentor chamou seu servo para receber no Céu a recompensa por
sua vida de fidelidade e combates em defesa da Fé. No início desse ano, antes
de ser atingido pela mortal doença, predisse que tinha pouco tempo de
permanência neste mundo, pois viveria só até a Páscoa.
Estando já
prostrado no leito de morte, alguns diáconos conversavam no fundo do aposento,
levantando hipóteses sobre quem seria seu sucessor. Um deles mencionou o nome
de Simpliciano. Não se sabe como, o Santo ouviu e aprovou: "É muito velho,
mas é ótimo!"
Pouco depois disto,
enquanto ele rezava em voz baixa, apareceu-lhe Jesus Cristo com o rosto
belíssimo. Após cinco horas de oração com os braços em forma de cruz, Santo
Honorato, Bispo de Arles, foi chamado para dar-lhe o viático. Logo que o
recebeu, entregou sua alma a Deus.
fonte:(Revista
Arautos do Evangelho, Dez/2004, n. 36, p. 34 à 37)
fonte: http://www.arautos.org/
Oração de Santo
Ambrósio
Senhor Jesus
Cristo, eu, pecador, não presumindo dos meus próprios méritos, mas confiando na
vossa bondade e misericórdia, temo entretanto e hesito em aproximar-me da mesa
do vosso doce convívio. Pois meu corpo e meu coração estão manchados por muitas
faltas, e não guardei com cuidado o meu espírito e a minha língua. Por isso, ó
bondade divina e temível majestade, na minha miséria recorro a Vós, fonte de
misericórdia; corro para junto de Vós a fim de ser curado, refugio-me na vossa
proteção, anseio ter como Salvador Aquele que não posso suportar como Juiz.
Senhor, eu Vos mostro as minhas chagas e Vos revelo a minha vergonha. Sei que
os meus pecados são muitos e grandes, e temo por causa deles, mas espero na
vossa infinita misericórdia. Olhai-me, pois, com os vossos olhos
misericordiosos, Senhor Jesus Cristo, Rei eterno, Deus e homem, crucificado por
causa do homem. Escutai-me, pois espero em Vós; tende piedade de mim, cheio de
misérias e pecados, Vós que jamais deixareis de ser para nós fonte de
compaixão. Salve, Vítima salvadora, oferecida no patíbulo da Cruz por mim e por
todos os homens. Salve, nobre e precioso Sangue, que brotas das chagas do meu
Senhor Jesus Cristo crucificado e lavas os pecados do mundo inteiro.
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa criatura resgatada por vosso Sangue. Arrependo-me
de ter pecado, desejo reparar o que fiz. Livrai-me, ó Pai clementíssimo, de
todas as minhas iniqüidades e pecados, para que, inteiramente purificado,
mereça participar dos Santos Mistérios. E concedei que o vosso Corpo e o vosso
Sangue, que eu, embora indigno, me preparo para receber, sejam perdão para os
meus pecados e completa purificação de minhas faltas. Que eles afastem de mim
os maus pensamentos e despertem os bons sentimentos; tornem eficazes as obras
que Vos agradam, e protejam meu corpo e minha alma contra as ciladas dos meus
inimigos.
Que assim seja.
Que assim seja.
Oração a Santo Ambrósio
Meu Senhor, pelos méritos de Santo Ambrósio, dai-me o senso de justiça e fazei-me ativo nessa prática. Por Vossa graça, fazei-me pleno do Vosso Amor, a fim de que eu possa lutar contra o que é oposto a vossos ensinamentos e consiga implantar o Vosso Reino a quem me recomendastes. Entrego-Vos também as injustiças praticadas contra mim.
Santo Ambrósio, rogai por nós.
Maria, Espelho da Justiça, rogai por nós.
Que assim seja.
Belíssima oração. Tocante, inspiradora.
ResponderExcluirfico muito feliz em poder tomar conhecimento dela. Obrigada, Senhor!!