09-11
Como se sabe, a bela capital espanhola é antiquíssima.
Roma ainda nem fora fundada e Madri já se orgulhava de sua antiguidade. Foi ela
uma das primeiras vilas da Península Ibérica a se cristianizar.
Segundo a
história, o apóstolo Tiago aí pregou o evangelho, construindo um pequeno
templo, com a ajuda de seus discípulos, dedicado à Maria Santíssima, onde teria
deixado uma imagem de Nossa Senhora esculpida em madeira.
A perseguição romana
levou a Igreja local a possuir muitos mártires. Os invasores godos, contudo,
após vencerem os romanos, abraçaram a fé cristã e outra igreja foi construída
no lugar da primitiva capela de São Tiago.
O conde D. Julián, cujo nome permanece execrado nos
anais da história espanhola como traidor, facilitou a entrada dos árabes do
norte da África na península.
Transcorria o ano 714 e os invasores se aproximavam da
capital. O povo cristão, desesperado, reuniu-se em torno da Virgem para
suplicarem auxílio.
Entretanto, a vila não dispunha de recursos suficientes
para resistir. Surge, então, um problema: o que se faria com a tão venerada
imagem para preservá-la da destruição? Decidiram escondê-la num vão da muralha
da cidade. Confiantes de que poderiam resgatá-la mais tarde, assim fizeram.
Os vitoriosos, certos de que permaneceriam para sempre
na vila, transformaram a capela em mesquita. Trezentos e sessenta e nove anos
depois, D. Alfonso VI, rei de Castela, auxiliado pelo célebre D. Rodrigo Díaz
de Bivar, El Cid Campeador, derrotou os mouros em Toledo, tornando viável a
reconquista de Madri, o que aconteceu
pouco depois.
Dessa forma, em 1083, a antiga igreja foi reconsagrada
e novamente dedicada à Virgem. Os habitantes ainda se recordavam, meio
vagamente, de que uma imagem da Virgem ficara escondida na muralha por ocasião
da conquista da vila.
O próprio Rei se dispôs a achá-la. Por um pregão, ordenou
que toda a população, por meio de jejuns, orações e penitências, suplicassem à
Nossa Senhora que se dignasse mostrar o lugar onde fora guardada a sua
escultura.
No dia 9 de novembro de 1083, nono dia, os citadinos em massa dirigiram-se
em procissão até a igreja. Em meio à nobreza, eclesiásticos e cavaleiros,
destacava-se El Cid, herói nacional, vencedor de sete reis mouros. Após a
celebração da missa, o cortejo começou a percorrer a vila, em piedosa
investigação. Mas ninguém encontrou nada. O desânimo tomou conta de todos.
Mas a tristeza não duraria muito tempo.
Durante essa
mesma noite, a muralha partiu-se, deixando aparecer, em um nicho, a milagrosa
imagem, tão bem conservada como se tivesse sido ali depositada na noite
anterior. E ainda puderam ser acesas as velas que ali tinham sido colocadas há
quase quatro séculos. Foi feita uma nova procissão, ainda mais solene, que
conduziu a Virgem ao seu antigo altar.
D. Alfonso VI quis que ela passasse a se chamar Santa
Maria la Real de la Almudena, por haver permanecido tantos séculos escondida em
um local da muralha perto do almudin (mercado ou armazém) que os mouros ali
haviam instalado. A Santíssima Virgem foi ainda proclamada Padroeira de Madri.
Pouco depois da morte de Alfonso VI, Madri foi mais uma
vez atacada pelos mouros, comandados por Alí-Aben-jucet. Mais uma vez a cidade
estava despreparada para a defesa. Alí Jucet determinou manter o cerco à
cidade, até que a fome obrigasse o povo a se render. Os sitiados recorreram à
Virgem, que os atendeu. Uma peste terrível assolou o campo inimigo. Os que não
foram atingidos pela peste foram obrigados a fugir desesperados.
Novo assalto
ocorreu vinte anos depois. Os sarracenos usaram a mesma tática: sitiaram a
cidade esperando a sua rendição por causa da fome. Quando já não havia o que
comer, uns meninos que brincavam junto da igreja, abriram um pequeno buraco num
de seus pilares. Por ele começou a escorrer um pó branco que se verificou ser
farinha de trigo de excelente qualidade. Derrubaram então uma parte da parede
lateral da igreja, onde o pilar se encostava e descobriu-se aí um silo
desconhecido. O trigo era tão abundante que os espanhóis jogaram parte dele
sobre os mouros, exibindo fartura, para que perdessem a esperança de vencê-los
pela fome.
Os mouros, uma vez mais, bateram em retirada.
A esta imagem recorreu Santo Isidro, o Lavrador, quando
seu filho caiu em um poço. Assim que suplicou à Virgem, as águas do poço
começaram a subir suavemente até que o pai pôde resgatar seu filho são e salvo.
A milagrosa imagem é esculpida em madeira odorífica,
que lembra os cedros do Líbano. A pintura é tão consistente que mesmo os
desgastes naturais do tempo não conseguiram deteriorá-la.
Uma particularidade
surpreende, comprovada historicamente: é impossível conseguir-se fazer uma
cópia idêntica ao original. Muitos artistas tentaram reproduzi-la, mas
confessaram seu fracasso.
No dia 29 de agosto de 1640, instituiu-se na igreja de
Santa Maria a "Esclavitud de la Virgen de la Almudena",
constituindo-se seu primeiro escravo o próprio Rei, D. Felipe IV, no que foi
seguido por seus sucessores. Nossa Senhora da Almudena é uma das nove imagens
objeto de devoção das Rainhas da Espanha. Estas, quando estão para dar a luz,
costumam visitar tais imagens quando suplicam a Maria Santíssima a graça de um
bom parto.
Oração a Nossa Senhora de Almudena
Nossa
Senhora de Almudena, Mãe Santíssima, que em Madri tantas vezes livrastes a
cidade dos inimigos que a queriam destruir, em nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo, eu vos imploro defenda por favor a mim e aos meus familiares dos
inimigos espirituais que nos querem nos derrotar nos intuindo sentimentos
indignos de um devoto de Vosso Filho Adorado, arrastando a nossa alma para a
derrocada e perdição. Nossa Senhora de Almudena fortificai a nossa fé e o nosso
amor para com o nosso próximo, para que nos tornemos dignos de sermos realmente
discípulos de Jesus.
Que
assim seja.
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