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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

NOSSA SENHORA DE MONTE SERRAT

NOSSA SENHORA DE MONTE SERRAT
08-09

O culto a Nossa Senhora do Monte Serrat surgiu na Espanha, durante a Reconquista, época de lutas entre os cristãos contra os mouros que tinham invadido a Península Ibérica (Portugal e Espanha). Para escapar aos saques, igrejas e capelas foram desativadas, sendo muitas das suas imagens escondidas.

Segundo a tradição, teria sido um pastor que encontrou, na Catalunha, numa área deserta, uma imagem da Virgem Maria com o menino, dentro de uma caverna. A região tem um relevo muito especial, estranho, de rochas agudas que lembram, no horizonte, os dentes de uma gigantesca serra de cortar. Daí o nome de Monte Serrate. O pico mais alto mede 1.235 metros e chama-se São Jerônimo. Curiosa coincidência com a história do Monte Serrate de Santos, cujo primeiro nome era morro de São Jerônimo. Da Catalunha (Espanha) a devoção a Nossa Senhora do Monte Serrat espalhou-se pela França, Itália, Portugal, Países Baixos, Alemanha, Áustria, Tchecoslováquia e outros. 

Exerceu marcante influência nas lendas da cavalaria medieval, como na História de Carlos Magno e os Doze Pares da França.
Trazido pelos espanhóis, veio o culto para a América Central, ainda na época de Colombo, e depois para o México, Peru, Equador, entre outros. De Portugal chegou à Bahia, no tempo de Tomé de Sousa (antes de 1580). O grande impulso a essa devoção foi dado por D. Francisco de Sousa, governador geral, viajando pela Bahia, Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e Sorocaba. D. Francisco chegou a Santos em 1599, em pleno período espanhol, e governou o Brasil até 1605. Voltou novamente ao Brasil em 1608, para governar a Repartição do Sul e morreu pobre, em 1611.


Um requerimento de frei Bernardo de Braga, provincial da Ordem de São Bento, informa que D. Francisco de Sousa  foi o que fez a ermida e pôs a imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat na Vila de Santos.

Três pessoas podem ter projetado e construído a Capela do Monte Serrat: Irmão Francisco Dias, jesuíta, português e arquiteto; o florentino Baccio de Filicaia, o alemão Geraldo Betting, engenheiros, todos amigos de d. Francisco. As fontes não esclarecem o ano da construção, sendo aceito o período de 1599 e 1605 ou entre 1609 e 1611.

A capela foi construída segundo um modelo funcional e simples A construção sofreu muitas alterações e ampliações nos seus quase quatro séculos de existência. Hoje, a igreja é de responsabilidade da Mitra Diocesana de Santos, assim como o Mosteiro de São Bento, que antigamente estavam, os dois, aos cuidados da Ordem de São Bento (tradicional guardiã dos Santuários do Monte Serrat).

A subida do monte é feita pelo caminho Monsenhor Moreira, onde há 14 quadros em bronze da Via-Sacra, inaugurados entre 1939 e 1941.
Segundo a tradição, a imagem achada no Monte Serrate teria vindo de Jerusalém para a Espanha e por isso ela é também chamada de "Jerusalamita".

Uma reportagem do antigo O Diário encontrou e fotografou uma imagem que foi apontada como a primeira imagem do Monte Serrat. A fotografia mostra a madona numa cadeira barroca, tendo na base dois anjos serrando um monte, segundo alguns, acrescentado. Do espaldar da cadeira, em forma de coração, surge um sol com raios enormes. Não se sabe onde se encontra essa imagem. Teria sido esta a primeira imagem doada por D. Francisco.

A segunda, é a atual, atribuída ao escultor beneditino frei Agostinho de Jesus, por D. Clemente M. da Silva Nigra. É de barro cozido, com 40 cm de altura, feita entre 1652 e 1655. Ela pertence ao importante grupo de imagens de barro, realizadas pela escola beneditina de escultura do século XVII. Maria está sentada numa cadeira de braços com o menino em pé sobre os joelhos.
São muitos os significados religiosos da devoção. A começar pela construção da capela no alto de um morro de 150 metros, para onde foi difícil levar o material.

 Na mitologia, a montanha é símbolo primordial, pois representa segurança e uma maior proximidade com Deus. Ir à montanha significa uma forma de ascensão religiosa. O monte é a lembrança da terra, a grande mãe que nutre o homem, da qual ele depende para a sua sobrevivência. Tornou-se costume católico a consagração dos montes a Deus ou aos Santos.

Incontáveis são os milagres atribuídos a Nossa Senhora do Monte Serrat desde o século XVII, tempos de invasões corsárias, como a do holandês Spilbergen, em 1615, registrado pela tradição do desmoronamento sobre os invasores. Frei Santa Maria escreveu: "Com esta santíssima imagem têm muito grande devoção os moradores daquela vila, e assim eles, como os religiosos monges, a servem e festejam com muita grandeza e devoção (...) é muito grande o concurso da gente de toda aquela vila que vai louvar e visitar aquela milagrosa senhora, porque, além de ter casa de muita romagem em todo o ano, neste seu dia é muito maior o concurso. Nele lhe vão a oferecer as suas ofertas e a pagar os seus votos".

Essa descrição, anterior a 1723, serve muito bem para a festa do dia 8 de setembro. No século XIX, a festa do Monte Serrat reunia multidão que rezava e se divertia barulhentamente. Havia reclamações sobre aspectos da festa, considerados demasiado lúdicos. Nessa época, só a festa no Monte Serrat durava três dias.

A devoção tornou-se tão forte que, em 1955, Nossa Senhora do Monte Serrat foi proclamada, oficialmente, padroeira de Santos, assim como inspirou versos aos poetas, como Thales de Melo e Martins Fontes, e na prosa, páginas como a de Lydia Federici.

Na música, destaca-se o hino composto por Rodoreda, em 1923, e o da coroação, de Jesus de Azevedo Marques, com letra do padre Edmundo Cortez.

Mas é a subida da colina, que começa junto à famosa Fonte do Itororó, a presença maciça do povo levando a imagem, as rodas de samba na festa do morro que provam que a devoção a Nossa Senhora do Monte Serrat, além de herança histórica, é uma das mais importantes tradições do povo santista.


HINO DE NOSSA SENHORA DO MONTE SERRAT
Texto do monsenhor Primo Vieira e música do padre Ximenes Coutinho
I
Nossa Senhora do Monte,
Que estais no Monte a rezar,
Pedi pelos vossos filhos,
Que não vos cessam de amar!

Refrão:
Aos vossos pés suplicando
Erguendo a humilde voz:
Nossa Senhora do Monte
Rogai a Jesus por nós!
II

A vossa ermida tão clara
Como uma hóstia de luz,
Fala de vossa presença,
Celeste Mãe de Jesus!
Refrão

III
Nas horas mansas e boas,
Nas horas tristes e más
Dai-nos o vosso sorriso
E as vossas bênçãos de paz
Refrão

IV
Sois a nossa padroeira.
Sentimos rezando a vós,
O céu mais perto da terra
Porque estais perto de nós
Refrão

V
Nossa Senhora do Monte,
Que estais no Monte a rezar
Descei até vossos filhos
Vinde conosco ficar
Refrão

VI
Ficai conosco Senhora,
Rezai, conosco também,
Agora e na nossa morte,
Pelos séculos, amém


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE MONTE SERRAT

Ó Clementíssima Virgem Maria, minha soberana e mãe, Augusta Senhora do Monte Serrat, Venho lançar-me no seio de vossa misericórdia, e desde agora e para sempre, pôr a minha alma e o meu corpo debaixo de vossa salvaguarda e de vossa bendita proteção.

Confio e entrego nas vossas mãos todas as minhas esperanças e consolações, todas as minhas penas e misérias, bem como o curso e o fim de minha vida, para que, por Vossa intercessão e por vossos merecimentos, todas as minhas ações se dirijam e se disponham segundo a vontade de vosso Divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e que minha alma depois desta vida, possa alcançar a salvação eterna.

Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós.
Nossa Senhora do Monte Serrat, rogai por nós.

Que Assim Seja.




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