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terça-feira, 26 de agosto de 2014

VIDA DE SANTA CLÁUDIA PRÓCULA


27-10


Em uma época politicamente efervescente, onde o pensamento masculino ditava as regras, Cláudia Prócula surge para fazer a diferença e posteriormente ser citada, ainda que sua palavra não tenha sido levada em conta a quem foi destinada. Mas essa mulher provou "que Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes" (1 Co 1: 27b).
Não temos muitos detalhes a respeito de sua vida, mas podemos observar, por suas atitudes, que ela possuía o temor do Senhor.     
Em certo livro apócrifo, escrito por alguém cognominado Nicodemos, encontra-se a descrição da esposa de Pôncio Pilatos, governador romano na Judéia, por ocasião da crucificação de Jesus Cristo; sendo neta do imperador Augusto. Este livro afirma que ela era prosélita do Judaísmo, ou convertida ao Judaísmo, pertencendo à classe alta de mulheres da época.        
Cláudia Prócula teve papel importantíssimo nos últimos dias de Jesus Cristo, mas ficou quase que completamente de fora dos evangelhos. Apenas o evangelho de Mateus fala sobre ela. Em Mateus 27:19, lemos:          
"E estando assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele".                         
Deus se revela a ela, possivelmente num sonho marcante, e lhe mostra que o "Rabi da Galiléia" era um homem justo. A alma dela angustiou-se ao pensar qual o destino dado a Jesus de Nazaré.   




O QUE NOS DIZ A HISTÓRIA:

Cláudia Prócula , esposa do Procurador Romano da Judéia , Pôncio Pilatos , é cultuada pelas igrejas cismáticas grega e etíope como santa, sua festa ocorre no dia 27 de Outubro.

Cláudia Prócula era oriunda da Gália e adquiriu a cidadania romana, de pleno direito, ao contrair matrimônio com Pilatos.

Outros autores especulam que ela seria ligada à poderosa familia Claudia, da qual era descendente Tibério e que teria sido a responsável pela ascensão de Pilatos.
Cláudia Prócula seria neta do imperador Augusto e filha ilegítima de Cláudia , a terceira esposa do imperador Tibério .

Cláudia acompanhou Pilatos à Palestina, desde os primeiros momentos; algo que era vedado pela "Lex Oppia ".

Interessou-se pela religião judaica . Ouviu falar de Jesus e ficou interessada em sua doutrina , através das pregações de João Batista.

A tradição conta que foi o Centurião de Cafarnaum quem falou pela primeira vez de Jesus a ela.
Cláudia Prócula fez diversas gestões junto a Pilatos em favor do Profeta Jesus de Nazaré.

S. Mateus é  o único que relata os atos de Cláudia , mulher do Procurador da Judéia . Ela mandou dizer a Pilatos : "Não te imiscuas no caso desse justo, porque muito sofri hoje em sonhos por causa d'Ele.(Mt.27,19).

Os apócrifos afirmam que a resposta dos membros dos sinédrio a Pilatos sobre o sonho de Cláudia era - para eles - a confirmação de que Jesus era um mago. Nosso Senhor Jesus Cristo teria enviado uma mensagem em sonho a Cláudia, o que fez os membros do Sinédrio reforçarem a acusação de bruxaria contra ele.

Pilatos teria prometido a Cláudia que não condenaria Jesus.

Cláudia converteu-se ao cristianismo e colaborou com São Paulo em Roma e com os apóstolos na Palestina, segundo a tradição. Especula-se que a Cláudia mencionada na Epistola de Paulo a Timóteo seja Cláudia Prócula.

(II Tim., iv, 21)

A freira e vidente Anna Katerina Emmerick apresenta detalhes - a partir das suas visões místicas - sobre a participação de Cláudia Prócula no processo que envolveu a condenação de Jesus .


Santa Cláudia Prócula é santa da Igreja Ortodoxa e Copta, não encontrei orações a ela, mas foi uma mulher que acreditou em Deus,  Ele a escolheu para que em sonho soubesse que JESUS CRISTO era Seu Filho, o Messias. Depois do fato, ela converteu-se e cooperou com os cristãos, por isto considerei justo que todos saibam de sua história e para quem quiser se aprofundar, leiam:



Autora: Antoinette May

Editora: Sextante



terça-feira, 19 de agosto de 2014

VIDA E ORAÇÃO DE SÃO PEDRO CLAVER





09-09







Certo dia da segunda metade do ano do Senhor de 1610, as grandes e amareladas velas do galeão "São Pedro" eram recolhidas e suas âncoras tocavam o fundo de uma bela baía. A tripulação inteira abeirava-se do parapeito e contemplava com curiosidade e admiração a São Pedro Claver - Santuário de Loyola - cidade de Cartagena, na província da Nova Granada (atual Colômbia), que se apresentava deslumbrante diante dos seus olhos, com suas enormes muralhas de pedra branca brilhando sob o causticante sol tropical. O azul profundo do céu refletia-se nas águas mansas e cálidas do porto, onde se balançava graciosamente um sem-número de embarcações de todo tipo e tamanho.

Dentre a pitoresca multidão de marinheiros e passageiros que se apressavam em desembarcar do galeão recém-chegado, destacavam- se singularmente as negras batinas de quatro religiosos: três sacerdotes e um noviço da ordem fundada, não havia muito tempo, por Inácio de Loyola: a Companhia de Jesus. Dos três presbíteros, a História não perpetuou os nomes. Religiosos desconhecidos, como centenas de milhares que imolaram suas vidas seguindo os passos do Mestre Divino, anônimos para os homens e filhos prediletos de Deus.

O noviço, porém, de fisionomia austera, silencioso, um tanto retraído e quase passando despercebido, marcou com sua vida a história da América do Sul e brilhará para sempre no firmamento da Igreja: São Pedro Claver.
A AURORA DE UMA VOCAÇÃO

Nascido em Verdú, pequena cidade espanhola da Catalunha, em 1580, Pedro Claver sentiu-se chamado para a vida religiosa desde tenra infância.
Aos 22 anos de idade, bateu às portas do noviciado da Companhia de Jesus.
Dois anos mais tarde, a fim de completar os estudos de Filosofia, foi enviado por seus superiores ao Colégio de Montesion, na ilha de Maiorca. Deu-se, então, um providencial encontro que marcaria de modo indelével a vida de Pedro e firmaria definitivamente sua vocação.

Nesse colégio habitava um venerável ancião, simples irmão coadjutor e porteiro da casa, que séculos depois seria canonizado e viria a ser uma das glórias da Ordem: Santo Afonso Rodríguez.
Desde o primeiro instante em que os límpidos olhos do santo porteiro penetraram o coração do noviço, discerniu o ancião a vocação do jovem e um profundo e sobrenatural relacionamento uniu então aquelas duas almas.
"O que devo fazer para amar verdadeiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo?" - perguntava o estudante. E Santo Afonso não se contentava em dar um simples conselho, mas descortinava os ilimitados horizontes da generosidade e do holocausto:
"Quantos que vivem ociosos na Europa, poderiam ser apóstolos na América! Não poderá o amor de Deus sulcar esses mares que a cobiça humana soube cruzar? Não valem também aquelas almas a vida de um Deus? Por que tu não recolhes o Sangue de Jesus Cristo?"
As ardentes palavras do velho porteiro acenderam labaredas de zelo que acabariam por consumir o coração de Pedro Claver.

Nessa época, o irmão Afonso foi favorecido por Deus com uma mística visão: sentiu-se arrebatado até o Céu onde contemplou incontáveis tronos ocupados pelos bem-aventurados e, no meio deles, um trono vazio. Escutou uma voz que lhe dizia: "É este o lugar preparado para teu discípulo Pedro, como prêmio de suas muitas virtudes e pelas inúmeras almas que converterá nas Índias, com seus trabalhos e sofrimentos".

MISSIONÁRIO E SACERDOTE

No dia 23 de janeiro de 1610, o superior provincial, atendendo a seus pedidos, enviou-o como missionário à tão anelada América do Sul. E no final desse mesmo ano, após longa travessia, aportou na cidade de Cartagena, uma das mais importantes do Império Espanhol do além-mar.

Terminada sua formação teológica na casa de formação dos jesuítas na província da Nova Granada, recebeu finalmente o Sacramento da Ordem no dia 19 de março de 1616 e celebrou sua primeira Missa diante da imagem da Virgem dos Milagres a quem professaria sempre uma ardorosa e filial devoção.

O CAMPO DE BATALHA

A cidade de Cartagena constituía, nessa época, um dos pontos principais de comércio entre a Europa e o novo continente, e juntamente com Vera Cruz, no México, eram os dois únicos portos autorizados para a introdução de escravos africanos na América Espanhola. Calcula-se que cerca de dez mil escravos chegavam anualmente a esta cidade, trazidos por mercadores, geralmente portugueses e ingleses, que se dedicavam a este vil e cruel comércio.
Esses pobres seres, arrancados das costas da África, onde viviam no paganismo e na barbárie, eram trazidos no fundo dos porões dos navios para serem vendidos como simples objetos e finalmente destinados ao trabalho nas minas e nas fazendas onde, depois de haver vivido sem esperança, morriam miseravelmente sem o auxílio da religião.
Converter esses milhares de infelizes cativos e lhes abrir as portas do Céu, foi a missão a qual Pedro Claver consagrou toda a sua existência.

Assim, quando chegou o grandioso e esperado momento de emitir os votos solenes, pelos quais se comprometia a ser obediente, casto e pobre até a morte, assinou o documento com a fórmula que doravante seria a síntese de sua vida: Petrus Claver, æthiopum semper servus. - "Pedro Claver, escravo dos africanos para sempre". Tinha 42 anos de idade.

O ESCRAVO DOS ESCRAVOS

Quando um navio carregado de escravos chegava ao porto, o Padre Claver acorria imediatamente numa pequena embarcação, levando consigo uma grande provisão de biscoitos, frutas, doces e aguardente.
Aqueles seres embrutecidos por uma vida selvagem e exaustos pela viagem realizada em condições desumanas, olhavam-no com temor e desconfiança. Mas ele os saudava com alegria e por meio de seus auxiliares e intérpretes negros - tinha mais de dez - dizia-lhes: "Não temais! Estou aqui para vos ajudar, para aliviar vossas dores e doenças." E muitas outras frases consoladoras. Porém, mais que as palavras, falavam suas ações: antes de mais nada, batizava as crianças moribundas; depois recebia em seus braços os enfermos, distribuía a todos bebidas e alimentos e fazia- se servo daqueles desventurados.

ÁRDUA CATEQUESE
Levando em sua mão direita um bastão encimado por uma cruz e um belo crucifixo de bronze pendurado no pescoço, saía Pedro Claver todos os dias para catequizar os escravos. Calores extenuantes, chuvas torrenciais, críticas e incompreensões até dos próprios irmãos de vocação, nada arrefecia sua caridade.
Com frequência batia nos pórticos senhoriais da cidade pedindo doces, presentes, roupas, dinheiro e almas decididas que o auxiliassem em seu duro apostolado. E não poucas vezes nobres capitães, cavaleiros e senhoras ricas e piedosas o seguiam até as míseras moradias dos escravos.
Entrando nesses lugares, seu primeiro cuidado dirigia-se sempre aos doentes. Lavava-lhes o rosto, curava suas feridas e chagas e repartia comida aos mais necessitados. Apaziguadas as penalidades do corpo, reunia então a todos em torno de um improvisado altar, os homens de um lado e as mulheres de outro, e iniciava a catequese que ele sabia colocar maravilhosamente ao alcance da curta inteligência dos escravos.
Pendurava à vista de todos uma tela pintada com a figura de Nosso Senhor crucificado, com uma grande fonte de sangue correndo de seu lado ferido; aos pés da Cruz, um sacerdote batizava com o Sangue Divino vários negros, os quais apareciam belos e brilhantes; mais abaixo, um demônio tentava devorar alguns negros que ainda não haviam sido batizados.
Dizia-lhes, então, que deveriam esquecer todas as superstições e ritos que praticavam nas tribos e lugares de origem, e lhes repetia isso muitas vezes.
Depois lhes ensinava a fazer o sinal da cruz e lhes explicava paulatinamente os principais mistérios da nossa Fé: Unidade e Trindade de Deus, Encarnação do Verbo, Paixão de Jesus, mediação de Maria, Céu e inferno.
Pedro Claver compreendia bem que aquelas mentalidades rudes não podiam assimilar ideias abstratas sem a ajuda de muitas imagens e figuras. Por isso lhes mostrava estampas nas quais estavam pintadas cenas da vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, representações do Paraíso e do inferno.

BATIZOU MAIS DE 300 MIL ESCRAVOS

Após inúmeras jornadas de árdua evangelização, batizava-os finalmente. Para celebrar este Sacramento utilizava uma jarra e uma bacia de fina porcelana chinesa, e queria que os escravos estivessem limpos. Introduzia seu crucifixo de bronze na água, abençoava-a e dizia que agora aquele líquido era santo, e que após serem lavadas nessa água suas almas se tornariam mais refulgentes que o sol. Calcula-se que ao longo de sua vida São Pedro Claver batizou mais de 300 mil escravos. Aos domingos, percorria ruas e estradas da região chamando-os à santa Missa e ao sacramento da Penitência. Dias havia que passava a noite inteira confessando os pobres escravos.

REFLEXOS DE UM IMENSO AMOR

Sua ardente e inextinguível sede de almas era apenas o transbordamento visível das labaredas interiores que consumiam a alma deste discípulo de Cristo. Significativos indícios levantam um tanto o véu que cobriu durante sua vida o altíssimo grau de união com Deus que ele havia atingido.
"Todo o tempo livre de confessar, catequizar e instruir os negros, dedicava- o à oração", narra uma testemunha. Repousava diariamente apenas três horas, e passava o resto da noite de joelhos em sua cela ou diante do Santíssimo Sacramento, em profunda oração, muitas vezes acompanhada de místicos arroubos.
Grande adorador de Jesus-Hóstia, preparava-se todos os dias durante uma hora antes de celebrar o Sacrifício do Altar, e permanecia em ação de graças meia hora após a Missa, não permitindo que ninguém o interrompesse nesses períodos.

Ilimitada também era sua devoção a Nossa Senhora. Rezava o Rosário completo todos os dias, ajoelhado ou andando pelas ruas da cidade, e não deixava passar nenhuma festa d'Ela sem organizar solenes celebrações, com música instrumental e coral.

LONGO CALVÁRIO

Aquele varão, que tinha passado a vida fazendo o bem, que tantas dores havia aliviado e tantas angústias consolado, teve de padecer, como seu Divino Modelo, indizíveis tormentos físicos e morais antes de ser acolhido na glória celeste.

Após 35 anos de intensíssimo labor apostólico e 70 de idade, caiu gravemente enfermo. Pouco a pouco foram-se paralisando as extremidades de seus membros, e um forte tremor agitava continuamente seu corpo extenuado. Tornou-se "uma espécie de estátua da penitência com as honras de pessoa", relata uma testemunha.
Os últimos quatros anos de existência terrena, ele os passou imobilizado na enfermaria do convento. E, por incrível que pareça, este homem que havia sido a alma da cidade, o pai dos pobres e o consolador de todas as desventuras, foi completamente olvidado por todos e submergido no esquecimento e no abandono.
Passava os dias, os meses e os anos em silenciosa meditação, contemplando da janela da enfermaria a imensidade do mar e escutando a melodia das ondas que se rompiam contra as muralhas da cidade. A sós com a dor e com Deus, aguardava o momento do supremo encontro.
Um jovem escravo fora designado pelo superior da casa para cuidar do doente. Entretanto, esse que deveria ser enfermeiro não passava de bruto algoz. Comia a melhor parte dos alimentos destinados ao paralítico e "um dia o deixava sem bebida, outro sem pão, muitos sem comida", segundo conta uma testemunha da época. Também o martirizava quando o vestia, governando-o com brutalidade, torcendo-lhe os braços, batendo nele e tratando-o tanto com crueldade como desprezo. Porém, nunca seus lábios proferiram a menor queixa. "Mais merecem minhas culpas", exclamava às vezes.

GLÓRIA JÁ NESTA TERRA: "MORREU O SANTO”!

Certo dia de agosto de 1654, disse Claver a um irmão de hábito: "Isto se acaba. Deverei morrer num dia dedicado à Virgem". Na manhã de 6 de setembro, à custa de um imenso esforço, fez- se conduzir até a igreja do convento e quis comungar pela última vez. Quase se arrastando, aproximou-se da imagem de Nossa Senhora dos Milagres, diante da qual havia celebrado a sua primeira Missa. Ao passar pela sacristia, disse a um irmão: "Morro. Vou morrer. Posso fazer algo por vossa reverência na outra vida?" No dia seguinte, perdeu a fala e recebeu a Unção dos Enfermos.

Sucedeu, então, algo de extraordinário e sobrenatural. A cidade de Cartagena pareceu acordar de uma longa letargia e por todos os lados corria a voz: "Morreu o santo!" E uma multidão incontenível dirigiu-se para o colégio dos jesuítas, onde agonizava Pedro Claver.
Todos queriam oscular suas mãos e seus pés, tocar nele rosários e medalhas. Distintas senhoras e pobres negras, nobres, capitães, meninos e escravos desfilaram nesse dia diante do santo, que jazia sem sentidos em seu leito de dor. Só às 9 horas da noite os padres conseguiram fechar as portas e assim conter aquela piedosa avalanche.

E assim, entre 1h e 2h da madrugada de 8 de setembro, festa da Natividade de Maria, com grande suavidade e paz, o escravo dos escravos adormeceu no Senhor.



ORAÇÃO:

São Pedro Claver, peço a sua intercessão, junto a Jesus e a suas mãe Virgem Maria, para que consigamos vencer os preconceitos que existem nesta terra que tanto atormentam pobres almas viventes. 

Que o poder de Jesus que sempre reinou em seu coração, reine em meu coração e eu possa lutar contra tanta desigualdade e desamor, São Pedro Claver,auxilia a mim e a todos os homens de bom coração nesta empreitada. Para que todos possam encontrar o verdadeiro amor de Cristo.

Que assim seja. 




terça-feira, 12 de agosto de 2014

VIDA E ORAÇÃO DE SANTO AFONSO RODRIGUEZ


31-10 

Afonso Rodriguez nasceu a 25 de julho de 1531, na cidade de Segóvia, Espanha, numa família de sete filhos e quatro filhas, sendo o segundo da numerosa prole. Como não era raro na época, seus pais, bastante virtuosos, criaram os filhos no amor e no temor de Deus e na devoção Àquela que é a Medianeira de todas as graças, Nossa Senhora.

Desde pequeno Afonso aprendeu a invocá-La e, em sua inocência, confiava-Lhe todos seus desejos e apreensões. Certo dia, estaria ele já entrando na adolescência, num transporte de amor, disse à soberana Senhora: “Ó Senhora, se Vós soubésseis quanto Vos amo! Eu Vos amo tanto, que Vós não podeis amar-me mais do que eu a Vós”. Ao que, aparecendo-lhe, disse-lhe a Rainha dos Céus: “Você se engana, meu filho, porque eu o amo muito mais do que você pode me amar”.

Foi na cidade de Segóvia, que fez os primeiros contatos com os religiosos jesuítas.

Dois religiosos jesuítas, indo pregar missão em Segóvia, hospedaram-se em sua casa. Afonso e seu irmão foram designados para atendê-los, e receberam, em troca do esmero com que o fizeram, bons conselhos e orientação religiosa. Foi o primeiro contato que o futuro santo manteve com os jesuítas.

Com eles começariam, Afonso e seu irmão, seus estudos no colégio da Companhia em Alcalá. Dir-se-ia que o futuro de Afonso estava traçado: tornar-se-ia um sacerdote da Companhia de Jesus e brilharia por sua eloquência e santidade. Nada disso.
Os caminhos da Providência eram outros. Afonso teve que interromper os estudos, com a morte do pai, pois, como seu irmão estava mais adiantado neles, era preferível que se formasse. Assim, Afonso tomou um rumo oposto: tornou-se o encarregado da loja de tecidos do falecido progenitor, e casou-se. Nasceram os dois primeiros filhos, um casal. Estava ele assim encaminhado para uma vida virtuosa dentro dos laços conjugais e como honesto comerciante.

UM MODELO COMO MARIDO E PAI, PÉSSIMO COMERCIANTE

Mas se Afonso era muito bom marido e pai, revelou-se comerciante incompetente. Pois tinha tanto escrúpulo de obter algum lucro ilicitamente, que pouco ganhava em suas transações comerciais. A esposa alertou-o que, desse modo, iriam eles acabar na miséria. Mas de nada adiantou. E os negócios iam de mal a pior para a família.

Chegou então horas difíceis, horas de provações: a esposa bem-amada faleceu ao dar à luz a um menino.
Pouco tempo depois, faleceu a filhinha, e não muito depois um dos meninos. Esses cruéis sofrimentos fizeram-lhe compreender que não há nada de duradouro nesta vida, e que tudo passa como o vento. Agora ficava ele só com o filhinho que custara a vida à mãe, e concentrou nele todo seu afeto.

Levando uma vida extremamente penitente, mais própria a religiosos que a comerciantes, Afonso continuou com sua loja, sendo visitado continuamente por visões e êxtases. Um dia em que ele chorava seus pecados, Nosso Senhor apareceu-lhe acompanhado de um brilhante cortejo de 12 santos, dos quais ele reconheceu apenas São Francisco de Assis.

Este lhe perguntou por que chorava. “Ó querido santo — respondeu-lhe Afonso — se um só pecado venial merece ser chorado durante toda uma vida, como vós quereis que eu não chore, sendo tão culpado?”. A humilde resposta agradou a Nosso Senhor, que o olhou com muita complacência e desapareceu.

O amor de Afonso pelo filhinho era extremo, mas todo sobrenatural. De modo que ele, um dia, contemplando a inocência do menino de três anos, e pensando no horror que representa o pecado mortal, implorou a Deus que, se mais tarde aquela criatura fosse ofendê-Lo de maneira grave, que Ele a levasse em sua inocência batismal.
Parecia que Afonso adivinhava o destino de seu amado filhinho, dolorosamente teve que enterrar seu último filho, mas na alegria de sabê-lo salvo no Céu, seu amado filhinho era um anjo que não merecia sofrer as tentações do mundo.

IRMÃO LEIGO NA COMPANHIA DE JESUS

Aos 32 anos de idade, estava livre para tornar-se religioso na Companhia de Jesus. Mas não foi o que ocorreu, pois os caminhos da Providência são, muitas vezes, diferentes de nossos planos.

 Afonso vendeu todos os seus bens e dirigiu-se a Valença, pedindo admissão na Companhia de Jesus. O reitor, entretanto, aconselhou-o a aprender antes a língua latina, para poder seguir o sacerdócio. Ele entrou então como preceptor do filho da Duquesa de Terra-Nova. Decorreram outros seis anos até que Afonso fosse admitido na Companhia. Nela, o santo seguiu rigorosamente o programa de estudos para poder ordenar-se. Mas, já quase com 40 anos e com má saúde, piorada pelo excesso de austeridades, não conseguia aprender o suficiente para o sacerdócio. Ele o compreendeu, como logo também se deram conta disso seus superiores. Assim, ele foi admitido na Companhia de Jesus como simples irmão leigo.

O SANTO PORTEIRO JESUÍTA

Nessa humilde condição, Afonso foi enviado ao colégio de Palma de Mallorca, para cuidar da portaria. Soube levar ali uma vida de extraordinária riqueza espiritual. Durante mais de 30 anos como porteiro, fazendo com espírito sobrenatural suas mais simples ações, chegou a um alto grau de vida mística.

Logo de manhã, quando o sino tocava o despertar, ajoelhava-se perto da cama, agradecia à Santíssima Trindade por havê-lo preservado naquela noite de todo o mal e pecado, e dizia estas palavras do Te Deum: “Dignai-vos, Senhor, guardar-me, neste dia, sem pecado”. Renovava então o propósito de receber a todos, em seu ofício de porteiro, como se fossem o próprio Nosso Senhor.

A cada hora do dia ele recitava uma jaculatória especial, celebrando uma das invocações de Nossa Senhora; e à noite, antes de deitar-se, recomendava-Lhe todas as almas do Purgatório, suplicando que aceitasse seu repouso como uma oração em sufrágio delas.

Seu comércio com o sobrenatural era contínuo, como ele mesmo revela em sua autobiografia, falando na terceira pessoa: “Essa pessoa chegou a viver tão familiarmente com Jesus e sua santa Mãe, que às vezes parecia-lhe caminhar entre ambos, e que os dois o abraçavam, e ele Lhes dizia amorosamente: Jesus, Maria, meus dulcíssimos amores, morra eu e padeça por Vosso amor”.

PERSEGUIÇÕES DO DEMÔNIO E SOCORRO

Se Afonso tinha visões celestes, não era privado das infernais. O demônio aparecia-lhe sob as mais horrendas formas e o tentava de todos os modos possíveis, principalmente contra a virtude da pureza. Para combatê-lo, o irmão leigo recorria à penitência e à oração, sobretudo à Rainha do Céu e da Terra. Duas vezes o espírito infernal lançou-o do alto da escada que unia dois pavimentos, e nas duas vezes foi ele amparado por Nossa Senhora.

Numa violenta tentação de desespero, chamou Maria em seu socorro. Nossa Senhora apareceu-lhe circundada de luz celeste, e os demônios fugiram espavoridos. “Meu filho Afonso, disse-lhe Ela, onde estou, você não tem nada a temer”.

A um religioso espanhol, que depois lhe escreveu a biografia, deu este conselho: “Quando desejar obter qualquer coisa de Deus, recorra a Maria, e esteja seguro de tudo obter”.

OBEDIÊNCIA E APÓSTOLO DA DEVOÇÃO MARIANA

Sua obediência aos superiores era cega, e difícil de compreender em nossa época dominada pelo orgulho. Certo dia ele assistia uma conferência sentado perto da porta. Ao entrar um superior, ofereceu-lhe o lugar. “Permaneça onde está”, disse-lhe ele. Afonso ficou lá até bem depois de terminada a conferência, e só saiu quando alguém o foi chamar.
Para prová-lo outra vez, o superior mandou que embarcasse para a Índia. Sem mais pensar, nem pegar roupas e provisões, partiu ele. O superior mandou detê-lo, e perguntou-lhe:
“Como iria à Índia?”. “Eu iria até o porto e procuraria um navio; se não o encontrasse, entraria na água e iria o mais longe possível; depois retornaria, contente de ter feito tudo para obedecer”.

Em seu zelo apostólico, o fervoroso irmão procurava difundir entre os alunos do colégio grande devoção à Virgem, insistindo com que a Ela sempre recorressem e se inscrevessem na Congregação Mariana. Evangelizava os pobres e vagabundos que apareciam no colégio à procura de esmola, cativando-os por sua ardente caridade.

DIRETOR ESPIRITUAL DE PEDRO CLAVER

Por volta de 1605, Afonso Rodríguez foi procurado por um jovem seminarista jesuíta catalão, Pedro Claver, que lhe pediu com insistência que o simples irmão leigo fosse seu diretor espiritual. Surgiu então entre os dois uma amizade sobrenatural que não cessou com a morte, pois Afonso Rodríguez teve a visão da entrada de seu discípulo na glória celeste. Foi por sua direção que Pedro Claver partiu para a América, onde dedicou todas suas forças, energias e imensa caridade ao apostolado com os negros. Afonso Rodríguez acompanhava de longe o labor apostólico de seu discípulo, oferecendo-lhe não só suas orações, mas o mérito de suas penitências. Dedicou a ele um livreto que escreveu, com o título A perfeição religiosa.

Santo Afonso Rodriguez faleceu no dia 31 de outubro de 1617, aos 86 anos de idade.




ORAÇÃO:

Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de Santo Afonso Rodrigues, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, a benção de que como ele, eu trilhe os meus caminhos nesta vida praticando a todo o momento o amor ao próximo e que sempre eu exemplifique este amor, só assim serei digno de ser vosso servo e ser o mais pequeno dos discípulos de Jesus,


QUE ASSIM SEJA.